sexta-feira, 3 de maio de 2013

Quando a pressa é inimiga da notícia

Apuração cuidadosa e bem feita antes de registrar os fatos não é matéria de investigação: é o princípio ético básico do jornalismo
Por Isadora Satie

Investigação de um acontecimento antes de sua divulgação
assegura a credibilidade da notícia 
Jornalismo é o juízo da relevância. “Eu tenho critérios de relevância: dentre um mar de acontecimentos, eu seleciono alguns e não todos. No momento seguinte eu tenho que investigar e apurar aquilo que eu escolhi”. Assim Francisco Karam situa a ética do repórter ao iniciar sua palestra aos alunos do Curso de Jornalismo da UNISUL no dia 20 de abril, no Campus Pedra Branca. Em seu entendimento, grande parte da questão ética está na qualidade da apuração.

Além de ser uma maneira de se aproximar da veracidade dos fatos jornalísticos, a apuração da notícia possibilita um jornalismo investigativo com aprofundamento da informação. A partir da busca de documentos, da entrevista de fontes, da realização de pesquisas e, sobretudo, da ida até o local dos acontecimentos, o jornalista foge à superficialidade dos fatos tão frequente nos dias de hoje.

Na era da internet, quando redes sociais dominam um espaço comunicativo cada vez maior, onde a quantidade de informações nunca dá conta de cobrir o imediatismo no consumo da notícia. Assim, a qualidade da informação é comprometida mais facilmente e fica mais suscetível a erros. Uma notícia superficial e mal verificada pode levar a crimes de calúnia, injúria e difamação. “A quantidade de processos que há hoje contra jornalistas é enorme", aponta Karam. "Acho que muitos com razão, porque muitas vezes a verificação não é feita e a privacidade é atingida sem nenhuma relação com o interesse público”.

A pressa para ser o primeiro a dar a notícia costuma ser valorizada pelos jornais e pelos leitores, mas vem comprometendo a credibilidade do jornalismo na sociedade. Como mostra o palestrante, o imediatismo priva o leitor de uma informação mais reflexiva, condenando-o a uma interpretação incompleta e deformada da realidade. Por isso, a qualidade da informação é tão ou mais importante do que ser o primeiro na transmissão da notícia. O tempo realmente é curto e o jornalismo digital exige certa velocidade, mas a pesquisa é dever de qualquer jornalista.

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