Especialista em ética discute as previsões sobre o fim da reportagem, mostrando papel histórico do repórter como verificador da realidade
Por Evelyn Santos
Repórter, elemento da democracia |
Os jornais aproveitavam as cartas desses soldados às mães e namoradas, que traziam visões da guerra obviamente romanceadas ou presas a questões pessoais. Essa prática só mudou quando o jornal The Times mandou William Russel para a zona de conflitos, com a missão de relatar os acontecimentos na condição de correspondente especial, informa Karam. Só então o público britânico pôde ler sobre a realidade do campo de batalha a partir da visão de um profissional não diretamente envolvido com a guerra.
A partir da Guerra da Secessão nos Estados Unidos, onde já atuavam 500 repórteres, foi se afirmando a idéia de que não existe jornalismo sem repórter que apure. "O repórter se afirma então como um representante da população, uma forma de garantia, um elemento da democracia". Uma guerra sem repórter é onde estamos fadados a ouvir a um porta voz do comandante de guerra.
Karam citou o escritor José Martinez Alberto editorialista do jornal El País, autor do livro O ocaso do jornalismo, segundo o qual, a partir de 2020 o jornalista é um provedor em cadeias de informações prestadas pelos outros, o que significa que morrerá o repórter. "Claro que hoje podemos fazer um jornal sem repórteres; basta pegar todos os releases de assessorias", complementa o palestrante.
Seja qual for o crédito dessas previsões, Karam acredita que, alavancado principalmente pelo crescimento das redes de informação e, consequentemente, pelo número de profissionais dedicados à área, já se pode dizer que nunca foi tão marcante o papel dos repórteres na sociedade.
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